Passei muito tempo tentando mudar e melhorar para te agradar.
Mudei o cabelo para um corte mais moderno e uma cor que chama mais atenção.
Emagreci quando você me achou cheinha. Engordei quando me chamou de esquelética.
Me inspirei em mulheres fashions para parecer descolada. Mudei e preferi ser clássica quando você elogiou a Renata Vasconcelos.
Vi filmes que não me interessavam para ter o que conversar com você. Li livros da sua área para entender melhor o seu trabalho.
Trabalhei exaustivamente o meu jeito impulsivo, ciumento e o meu excesso de cuidado. Decidi não ser tão carinhosa para combinar com o seu jeito frio.
Fiz de conta que não era importante ouvir elogios seus ou receber gentilezas. Deixei de lado velhos hábitos que me faziam feliz como tomar um café no fim da tarde, já que você não gosta de café.
Parei de ouvir a minha playlist do John Mayer para não ter que te ouvir repetir todas as vezes “esse cara é chato”.
Fui mudando tanto que chegou um momento em que quase não me reconheci. Na verdade, a minha essência era a mesma, só peguei uma fita crepe e fui empacotando pedacinhos de mim que não te agradavam.
Imaturidade? Não! Eu já era madura o suficiente e fingia pra todo mundo que as mudanças eram por mim, que eram evoluções da minha personalidade.
Porra nenhuma!
Só depois que passou a “doença” que eu sentia por você é que descobri o quanto fui ridícula. Antes tarde do que nunca.
Tanto fiz para parecer melhor e o que eu mais queria era que você gostasse de mim do jeito que sou.
Depois dessa pós graduação em como-ser-uma-babaca-para-agradar-um-babaca é que percebi que não tenho que mudar mais nada por ninguém.
Agora melhoro por mim, mudo o que já não me faz bem, mas não o que acho que os outros gostariam que eu mudasse.
Nunca mais usarei dos remendos e das máscaras. Essa sou eu em corpo, alma, defeitos, qualidades e amor próprio.
Isso mesmo. A vida é uma só. Tudo vira pó, se somos bons somos do jeito que somos e não do jeito que projetam.
Bem eu, só descobrir isso agora depois de 30 anos e 52 anos de idade, mas, antes tarde do que nunca não é mesmo.